Arquivo anual 2021

porIngrid Escardoa

Porque sempre queremos agradar nossos parceiros?

Já ouvimos várias vezes que um bom relacionamento é aquele que os dois estão dispostos a ceder, que é saudável abrir mão de algumas coisas em benefício do outro. E isso é verdade, mas precisa ser uma via de mão dupla. Quando estamos felizes em uma relação, é natural que nosso interesse seja agradar,  ser uma pessoa agradável, que se preocupa.

O problema é quando não somos felizes, não somos bem cuidadas, mas temos a ilusão que se estivermos sempre agradando nossos parceiros, eles vão retribuir. Acaba que vira um ciclo sem fim, pois eles se acostumam com nosso cuidado, achando que são merecedores incondicionais e nós ficamos esperando eternamente por uma mudança de comportamento.

Mais uma vez, temos alguns pontos para levar em consideração. O primeiro é o diálogo. Quando conversamos sobre nossas expectativas, também temos a oportunidade de ouvir o lado do outro, o que ele pode entregar e como. É o momento necessário para alinhar o relacionamento e entender o que ainda mais pode ser feito. Ou ainda, a oportunidade para aceitar que o que você quer pode não ser possível (seja por limitações do parceiro ou por falta de interesse) e procurar outras alternativas.

Outro ponto é o autoamor e a autoestima. É saber que merecemos cuidado e carinho. Que não devemos ficar mendigando atenção, nem comprar esse afeto fazendo tudo que eles querem, dando presentes caros e estando sempre disponíveis. O amor não é uma moeda de troca. Ele deve ser incondicional. 

E aqui entra a reciprocidade. Precisamos amar porque queremos, sem esperar algo em retorno, assim como merecemos ser amadas independentemente do que fazemos. Não podemos agradar alguém com medo de perdê-lo. Ou pelo medo de ficarmos sozinhas. Aqui entra aquele bom ditado “antes só do que mal acompanhada”. Devemos agradar por prazer e não por medo. Eu te garanto, o relacionamento fica mais leve, para os dois, quando fazemos por amor e quando é recíproco. Procure sempre ter alguém que te valorize e te faça bem. Que te faça crescer e te dê segurança, que reconheça seus esforços e seu cuidado.

 

porIngrid Escardoa

A habilidade de dizer “não”

De todas as respostas que podemos dar para uma pergunta ou um convite, o “não” é uma das mais difíceis, não é verdade? Parece que é egoísmo nos colocar em primeiro lugar ou até que ser sincera sobre uma situação pode prejudicar nossa relação com os outros. Uma das principais questões é que costumamos levar tudo para o lado pessoal. Ou seja, quando recebemos o não para alguma situação, vemos como um “não” para nossa companhia, por exemplo.

Por não conseguir separar a situação da pessoa, ficamos com medo de dizer “não” e acabar criando uma situação estranha. Ou ainda, que o outro veja como um desinteresse nosso e não como uma impossibilidade momentânea. 

A dificuldade de dizer “não” também acontece quando temos receio de sermos esquecidos ou deixados de lado. Se eu disser não para um convite, será que vão me chamar novamente? Se eu disser que não quero fazer uma determinada coisa, será que nunca mais vão me perguntar e vou perder outras oportunidades?

Esse assunto é tão comum e acontece com tanta gente que não pensei duas vezes em ser o post de retomada do blog. Ele está conectado com dois pontos importantes: nossa necessidade de estar em comunidade (então aceitamos situações para continuar no grupo ou com medo de ser excluído dele) e nossa falta de autoconfiança e autoamor para entender que precisamos nos colocar em primeiro lugar (sem ser egoísta, claro). 

A primeira coisa que você precisa fazer é se conhecer. Entender o que você gosta de fazer, com quem você gosta e para quem. Esse “não” te deixará mais leve ou mais angustiada? Essa pessoa ou essa situação merece um “não” constante ou é só naquele momento? Dizer “sim” é um esforço, mas que pode trazer bons frutos depois? 

Outro ponto fundamental é trabalhar sua comunicação. Quando você fala com segurança, as pessoas respeitam. É bem melhor dizer não desde o começo do que dizer sim e ficar inventando desculpas ou fazer de má vontade depois. E caso você queira se explicar, para que tudo fique mais claro, também é bem-vindo, especialmente no começo, enquanto as pessoas ainda não estão preparadas para ouvir uma negativa. 

Tenha consistência e consciência. Fale não sempre que necessário para manter sua saúde mental, mas tenha o equilíbrio entre se colocar em primeiro lugar e ser egoísta. Se não estamos bem, não conseguimos ajudar ninguém, mas se sentimos que o outro precisa de nós e podemos ajudar, pondere. Nada como autoconhecimento para tomar as melhores decisões. 

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